Como comprar um apartamento com pouco dinheiro? Essa é uma pergunta que muitas pessoas fazem, principalmente, quando querem ter seu imóvel próprio. Segundo o Datastore, mais de 13 milhões de famílias brasileiras sonham em ter sua casa. No entanto, é possível dizer que uma das maiores dificuldades de se realizar esse sonho é ter dinheiro suficiente para isso.
A hesitação faz sentido — boa parte dos imóveis não custam menos de 40 mil reais. Dependendo das condições, como números de quartos, garagem, espaço para o lazer e até localização, o preço pode subir ainda mais.
Mas não pense que é impossível encontrar o apartamento pronto para morar e pagá-lo mesmo que a sua renda não seja o bastante. Neste texto, vamos mostrar para você como. Continue!
1. Saiba qual o momento certo para comprar o apartamento
Primeiro, existem alguns requisitos básicos para a escolha de um apartamento: localização, estrutura, número de quartos, estilo de vida e claro, valor. Porém, além disso, saiba que você terá que mudar a forma como usa o seu dinheiro para investir nesse sonho.
Por exemplo, se quiser fazer outras compras de alto valor, como um carro, terá que repensar bem, já que uma parcela da sua renda estará comprometida. Também, é preciso analisar como essa nova despesa se encaixa no seu estilo de vida. Sendo assim, alguns tópicos a se avaliar são:
- o seu padrão de vida: veja como é o seu modelo de vida atualmente e o que almeja para o futuro;
- as suas prioridades: é preciso ter uma noção clara das suas prioridades, até para saber se é possível encaixar essa nova despesa;
- a sua capacidade financeira: entraremos em mais detalhes sobre como avaliar o seu orçamento ao longo do texto, porém, é importante que você tenha uma boa noção da sua renda.
Dependendo da resposta que cada um desses tópicos trazer, você poderá ter uma boa noção se esse é o melhor momento para comprar o seu apartamento e o que pode mudar para não prejudicar o seu orçamento.
2. Conheça os programas habitacionais do governo
Você sabia que o governo federal possui alguns programas específicos para quem quer conseguir uma casa nova? Claro, eles funcionam como uma espécie de financiamento, mas, se o interessado preencher todos os requisitos, pode até ter boa parte do valor mais em conta. O principal é a Casa Verde e Amarela, mas também existe o Habite Seguro.
Casa Verde e Amarela
Substituto do Minha Casa, Minha Vida, a Casa Verde e Amarela é um programa de facilitação de financiamento para obter a casa própria. Destinado às famílias de baixa renda, ele tem algumas vantagens bem interessantes para auxiliar o pagamento dos imóveis. Entre elas estão:
- pagamento flexível da entrada, em que o percentual não é fixo, definido pelo perfil financeiro do interessado;
- menores taxas de juros;
- prazo de pagamento maior e prestações menores.
No entanto, para participar desse programa é preciso atender alguns requisitos, como ter a renda mensal de até R$7 mil.
Habite Seguro
Outra iniciativa do Governo Federal, mas com o foco em atender profissionais de Segurança Pública que precisam de dinheiro para comprar a sua casa própria. Para garantir o financiamento ao programa e assim fornecer condições especiais de acordo com os convênios da Caixa, o Governo retira os valores do FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública).
As quantias são de até R$2.100 para quitar a tarifa de contratação e R$12 mil para a entrada. Além disso, o valor pode ser somado ao que já é garantido pela Casa Verde e Amarela.
Entre os requisitos estão:
- ser um profissional de segurança pública (policial, bombeiro e agente penitenciários, peritos e papiloscopistas) ativos ou inativos e aposentados,
- ser o seu primeiro imóvel e ter renda de até R$7 mil mensais;
- a casa ou apartamento escolhido não pode passar de R$300 mil.
3. Quite suas principais dívidas
Seja para adquirir um carro, fazer uma viagem ou como é o caso, um imóvel. As dívidas são um problema que barra qualquer iniciativa financeira, especialmente de aquisição. Por isso, encará-las é a melhor maneira de se preparar para comprar o seu apartamento. Sendo assim, existem duas coisas a se fazer: conhecer a sua renda e ir atrás de seus credores.
Conheça a sua renda
Essa é uma etapa fundamental não só para quitar as suas dívidas, mas para qualquer outro passo. A ideia é implementar o hábito, que fará parte da sua vida para sempre, de anotar tanto o valor de sua renda mensal como os seus gastos padrões.
Nesse processo, você analisará suas despesas com um olho mais clínico. Verá onde o seu dinheiro vai, se está gastando muito com cartão, se há compras parceladas, etc. Além disso, é um momento para avaliar se a sua renda consegue bancar todas as suas despesas. Como você fica no vermelho ou no azul no final do mês?
Negocie com seus credores
Agora que sabe como gasta o seu dinheiro e quais são suas despesas fixas e variáveis, é o momento de pagar suas dívidas. Óbvio que não poderá escolher todos os seus débitos, terá que definir os prioritários. Procure por aqueles que tendem a causar um impacto grande em sua renda mensal, como é o caso do cartão de crédito.
Você perceberá que muitas dessas contas necessitarão de descontos e até prazos maiores para serem quitadas completamente. Então, se prepare para negociar com os credores, fazendo um plano de acordo com o quanto pode separar para o pagamento mensal dessa dívida. Além de pensar em descontos caso consiga juntar pelo menos, a metade para pagar o débito. Tenha em mente que as empresas credoras querem que você quite logo o seu débito, portanto, não tenha receio de negociar.
4. Corte gastos do orçamento
O seu orçamento terá que passar por algumas mudanças à medida que surgir essa nova despesa com o imóvel. Entenda que, pelo valor desse tipo de empreendimento, a maioria passa da casa dos 50 mil, você terá que ter uma visão a longo prazo. Nesse contexto, precisará olhar para o seu orçamento de uma maneira mais organizada e estratégica. Vamos conhecer duas formas a seguir!
Faça cortes estratégicos
Conhecer a sua renda e também os seus gastos será muito importante nessa fase. É essa informação que te proporcionará entender quais despesas não são prioritárias para manter a sua vida. Além de perceber quais acabam pegando uma parcela alta dos seus rendimentos.
As despesas fixas, ou seja, contas de luz, água, telefone, internet e supermercado não devem ser cortadas. Agora, pacotes de TV, lanches, compras no cartão, etc devem ser avaliadas. Será que você realmente precisa assinar mais um streaming? Será que não é possível diminuir os pedidos de comida e começar a cozinhar mais? De fato, esse será um processo de repensar alguns hábitos e avaliar o seu comportamento com dinheiro.
Use o método 50 30 20
Bem, existem muitas formas de organizar sua renda, principalmente, de ter o suficiente para cuidar dos diferentes setores da sua vida. Um dos métodos é chamado de 50 30 20. Popularizado pela senadora americana Elizabeth Warren em seu livro “All Your Worth: The Ultimate Lifetime Money Plan”, é uma estratégia que permite dividir a sua renda em três partes. Cada uma é direcionada para um aspecto da sua vida, ficando assim:
50% para as despesas essenciais: ou seja, todos os gastos fixos, incluindo, alimentação, plano de saúde, etc.
30% para supérfluos; aqui, inclui também o seu lazer, coisas como idas ao cinema, jantares, e até a compra de roupas;
20% para dívidas e investimentos: a ideia é que você tenha um valor fixo para pagar as parcelas de suas dívidas e também para investir. Dependendo do número ou valor do débito, você pode tanto dividir 10% para cada ou definir de acordo com as suas necessidades.
5. Use o FGTS
Outra maneira de financiar um imóvel é por meio do FGTS como garantia de pagamento. Existem muitos financiadores que oferecem essa possibilidade, mas não no valor total do empreendimento. Geralmente, é utilizado na entrada, o que já pode garantir que as parcelas tenham um valor menor.
Apesar de ser uma boa vantagem na hora de pagar, existem alguns critérios para conseguir usar esse dinheiro. Eles são:
- o imóvel não pode ultrapassar de 1,5 milhão;
- o empreendimento deve estar no mesmo local em que o proprietário reside;
- o comprador não pode ter nenhum outro imóvel residencial em seu nome;
- a casa ou apartamento deve ter o Registro de Imóveis, sem nenhum impedimento para venda;
- o interessado deve ter pelo menos três anos de carteira assinada sob o regime do FGTS;
- o dinheiro do FGTS poderá ser usado para reduzir até 80% das prestações em um ano, prorrogáveis até o fim de cada período.
6. Corte o seu cartão de crédito
O cartão tem uma característica muito peculiar — além de fornecer um crédito a mais para o dono, os gastos são prorrogados para o outro mês. O que dá uma falsa sensação de não ter feito nenhuma despesa no momento. Entretanto, com todo o bônus vem o ônus, essa vantagem também traz mais problemas para conseguir equilibrar as contas.
As suas taxas de juros são bastante altas o que prejudica conseguir juntar dinheiro para fazer outras aquisições, principalmente aquelas que exigem um alto valor. Sendo assim, o ideal é não ter esse tipo de forma de pagamento e optar por pagar no débito. Caso não seja possível eliminar o cartão da sua vida, o melhor é utilizá-lo apenas para emergências.
7. Aposte em opções de renda extra
Se você não tem tanta urgência, pode estipular um prazo para juntar dinheiro para comprar um imóvel. Porém, apenas guardar não é muito inteligente neste caso, já que os valores tendem a não ser o suficiente. O nosso conselho é pensar um pouco além e investir essa quantia para que ela renda no futuro.
Tenha em mente que é uma decisão a longo prazo e, provavelmente, terá que investir por meses e até anos para ter uma boa quantia. Por isso, estudar as principais possibilidades de aplicações é muito importante e também se atenha ao seu objetivo.
Por exemplo, se a ideia é pagar o mínimo da entrada, você deverá focar o quanto precisa para deixar a parcela confortável para o seu bolso. Agora, se a intenção é pagar à vista ou financiar, precisará acumular mais. Os produtos financeiros devem proporcionar segurança e, ao mesmo tempo, um retorno considerável a longo prazo.
Algumas alternativas são os investimentos de renda fixa, como:
CDB: a sigla se refere aos certificados de depósito bancário, são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos. O que acontece é que, para conseguir financiar seus serviços, como empréstimos, as instituições geram esse documento e os disponibilizam para os investidores. O retorno é pelos juros, geralmente, atrelado à taxa CDI;
títulos públicos: são os títulos disponibilizados pelo governo federal, seu rendimento é baseado tanto na taxa Selic quanto na inflação. Costumam ser mais interessantes que a poupança;
letras de créditos: correspondentes do setor do agronegócio e imobiliário, as letras de créditos são documentos que funcionam como uma comprovação de que seu dinheiro será usado para financiar esses setores. A remuneração acontece pelos juros;
fundos de investimentos: neste caso, os investidores aplicam em uma cesta de ativos escolhidos e administrados por um gestor. Cada investidor tem direito a uma ou mais parcelas do fundo, chamadas de cotas. Os fundos não possuem um padrão, podem tanto conter apenas com aplicações de renda variável, como fixa ou até ambas.
Atente-se ao fator de risco desses investimentos e também ao nível de rentabilidade que deve sempre ser maior que a CDI.
Ao longo deste texto, você descobriu como comprar um apartamento com pouco dinheiro. Apresentamos algumas estratégias para juntar renda suficiente e ainda equilibrar as suas contas.
Desde avaliar o seu orçamento atual, anotar as suas despesas até cortar maus hábitos financeiros, como o uso excessivo do cartão de crédito, mostramos maneiras de ter mais controle da sua renda. Medidas que não só o ajudarão a alcançar o seu objetivo como também a lidar com as suas finanças pelo resto da vida.
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